Há tempos lembrei-me de criar uns poemas inspirados em lendas tradicionais portuguesas. No entanto, por falta de tempo e/ou inspiração, até agora, só nasceram dois. E desses dois, só o segundo (A Lenda de Flor da Rosa) me pareceu suficientemente satisfatório para colocar aqui.
No entanto, se quiserem ler também o primeiro, bem como uma explicação mais pormenorizada sobre a ideia do projecto dos poemas inspirados em lendas, e ainda algumas criações em prosa, podem fazê-lo no meu blog mais antigo: http://ocaldeiraodeceridwen.spaces.live.com/
Entretanto, aqui fica o poema A Lenda de Flor da Rosa:
Vivia na terra um cavaleiro
Amigo de todos estimado
Em seu corcel voava ligeiro
A galope pela erva do prado
Um dia sucumbiu à tontura
Despontava no céu a alvorada
Doente, sem esperança de cura,
Escorregou da garupa dourada
Conhecidos, amigos, parentes,
Visitaram-no em seu castelo
Levaram-lhe carinho e presentes
Ao quarto modesto e singelo
Levaram-lhe também uma flor
A prenda para si mais formosa
Ofertou-lha o seu meigo amor
A noiva, de seu nome Rosa
Mas a morte levou a donzela
E curou-se o mancebo afinal
Foi velar o seu corpo à capela
Em seu peito cravado um punhal
De joelhos caiu a seu lado
Chorou lágrimas sobre o seu rosto
Abraçou o seu corpo gelado
E logo ali morreu de desgosto
Pediu num derradeiro estertor
Extinguia-se a voz estrondosa
Que à terra o acompanhasse a flor
E ao sítio chamassem Flor da Rosa
sábado, 26 de dezembro de 2009
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
NATAL

Este poema foi escrito há quase quinze anos, mais ou menos por altura desta quadra festiva, e felizmente, o meu estado de espírito é hoje bem mais risonho...
Flocos de alegria
Incendeiam os corações
Mas gelam-me a alma
A branca neve
tinge-se de vermelho.
São as feridas
Abertas no meu peito.
Cânticos rejubilantes
Ferem-me os ouvidos
Como violinos.
A dor rasga-se
Dentro de mim
E Rasga-me
E eu morro já sem dor,
Sem medo,
Sem arrependimento.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
sábado, 28 de novembro de 2009
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
PARA TI, D.
Este, decididamente, não é nenhuma obra-prima. Mas é-me muito caro porque é uma sentida homenagem à minha cadela, elaborada na altura em que ela morreu.
Eu cresci,
Tu envelheceste.
Duas espécies.
A mesma raça.
Deixaste
A dor da partida
E o consolo
Da lembrança.
Ensinaste-me
Que a amizade é um dom
Que a morte rouba
Mas não apaga.
Eu cresci,
Tu envelheceste.
Duas espécies.
A mesma raça.
Deixaste
A dor da partida
E o consolo
Da lembrança.
Ensinaste-me
Que a amizade é um dom
Que a morte rouba
Mas não apaga.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
GERÊS - LIBELINHA/DRAGONFLY
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
MOSTEIRO DA BATALHA - VITRAL
.jpg)
Depois da beleza natural do Cabo Espichel, a beleza criada pelo Homem no campo da Arte Sacra.
.
After the natural beauty of Cabo Espichel, manmade beauty in the field of Sacred Art.
Etiquetas:
PORTUGAL EM FOTOGRAFIA/PORTUGAL IN PHOTOS
sábado, 21 de novembro de 2009
CABO ESPICHEL

Sempre achei que a sonoridade das palavras ligadas ao mar - e especialmente aos cabos - tinha qualquer coisa de mágico: promontório, enseada...
.
I always felt there's something magical about the sound of words connected to the sea... and especially to Capes: promontório (headland), enseada (cove)...
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
PORTO - DOURO
domingo, 15 de novembro de 2009
GERÊS
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
domingo, 8 de novembro de 2009
ÊXTASE
Creio que este foi o último poema que criei antes do interregno sem escrever.
Não é nenhuma obra-prima, mas ainda assim, gosto dele.
Gosto da torre
Que se ergue sobre mim
E ameaça envolver-me.
Gosto do mel
Em que o meu nome se transforma
Na sua voz monocórdica e suave.
Dos olhos de mar
Em madrugada de nevoeiro
Na pele morena
Com toque de brisa marítima.
Do odor de feitiços
Em campos perfumados
de Primavera.
Dos lábios generosos
Apenas posso adivinhar
A suavidade enganadora
De uma pétala de orquídea.
E das mãos
O toque de nuvem
Percorrendo a minha pele
Vestida de desejo.
E eu, julgando-me achada,
Anseio por me perder.
Não é nenhuma obra-prima, mas ainda assim, gosto dele.
Gosto da torre
Que se ergue sobre mim
E ameaça envolver-me.
Gosto do mel
Em que o meu nome se transforma
Na sua voz monocórdica e suave.
Dos olhos de mar
Em madrugada de nevoeiro
Na pele morena
Com toque de brisa marítima.
Do odor de feitiços
Em campos perfumados
de Primavera.
Dos lábios generosos
Apenas posso adivinhar
A suavidade enganadora
De uma pétala de orquídea.
E das mãos
O toque de nuvem
Percorrendo a minha pele
Vestida de desejo.
E eu, julgando-me achada,
Anseio por me perder.
domingo, 1 de novembro de 2009
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
A AREIA E O MAR
Quando voltei a escrever depois de um longo tempo sem o fazer, este foi o primeiro poema que escrevi em português. Sinto que houve algum amadurecimento em relação aos meus poemas mais antigos, mas há ainda, sobretudo, um longo caminho a percorrer...
Desmancha-se o mar no regaço da areia
E logo para longe foge envergonhado,
Incerto de não haver no seu gesto ousado
Malícia que ofenda seu manto de Astreia.
Mas ainda mal da praia esteve ausente
Logo regressa, travesso e insistente,
Torna a tocá-la com suas mãos de espuma
Debaixo do sol, da chuva ou da bruma.
Em manso abandono esquece a areia o pudor
Entrega o seu corpo quente à fria água do mar,
Aceita as conchas que lhe traz por tesouro,
De boa vontade consente o namoro,
Às ondas confia seu brando langor
E para longe da praia se deixa levar.
domingo, 18 de outubro de 2009
O ESPELHO
Visto que este blog pretende ser um blog de poesia, vou começar por publicar o poema que, de todos os que escrevi até hoje, é o meu preferido. Não tanto pela qualidade do poema, mas porque saiu do mais profundo do meu ser.
Detém-me o assombro diante do espelho
Ao ver à espreita o monstro que em mim dorme,
O corpo torcido e o rosto disforme,
Peçonha feita de sanha e mau conselho.
De onde saiu tão fera criatura?
De nefasta, fortuita adversidade
Ou funesta natural desventura?
Porque teima quando morto e findo o creio
Em mostrar a odiosa fealdade
Como se ao meu repúdio fosse alheio?
Não sabe com que fúria o rejeito?
Com que garra o arranco do peito?
Não serei nunca livre do veneno
Que nas veias meu sangue contamina
E que em negra tristeza repentina
Disfarçada de ânimo sereno
Me enreda como teia de seda fina?
Mas gerou-me também outra linhagem
Onde vingam a honradez e o brio
E pode triunfar neste desafio
Mesmo quem parte só com meia vantagem!
E se me faltar parte de boa herança
E a perfídia me quiser tragar,
Não há-de faltar a perseverança.
Só depois do caminho navegado
Saberei se a bom porto pude chegar
E se o torpe monstro foi derrotado.
Segue assim aberta a minha história
Até que o presente seja memória
E a terra que é hoje minha guarida
E onde deposito cada passo
Se compadeça enfim do meu cansaço
A minha existência dê por cumprida
E me receba em seu materno regaço.
Agradecimento
Gostaria de inaugurar este blog agradecendo à pessoa que criou a imagem de apresentação do cabeçalho.
Obrigada, Lia!
(Podem visitar o blog da Lia em poraescritaemdia.blogspot.com)
.
I would would like to start this blog by thanking to the person who created the image for the headline.
Thank you, Lia!
(You can visit Lia's blog in poraescritaemdia.blogspot.com)
Obrigada, Lia!
(Podem visitar o blog da Lia em poraescritaemdia.blogspot.com)
.
I would would like to start this blog by thanking to the person who created the image for the headline.
Thank you, Lia!
(You can visit Lia's blog in poraescritaemdia.blogspot.com)
Subscrever:
Mensagens (Atom)