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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

ALCOUTIM (PROVISÓRIO)

Não sei se isto vai dar a algum lado ou morrer antes de começar, mas ao ler Lendas de Portugal, uma obra que consiste na compilação de lendas por concelho, elaborada por Viale Moutinho e publicada pelo Diário de Notícias, tive uma ideia para um projecto de poesia. Projecto esse que consistiria em poemas inspirados nas típicas lendas portuguesas de mouras encantadas e não só. Não pretendendo fazer um poema para cada lenda, não só porque, naturalmente, nem todas me inspiraram da mesma maneira, mas também porque se tornaria repetitivo e monótono, seleccionei as que mais me tocaram e aquelas que mais me pareceram prestar-se à expressão poética.
Como digo, não sei se é um projecto para levar até ao fim ou se a inspiração me falhará a meio do caminho, mas por agora, aqui fica o primeiro poema.
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Em ponto alto do concelho de Alcoutim
Ronda a moura, triste e só, a azinheira
De longo encantamento prisioneira,
Em ânsias esperando aquele que há-de pôr fim
À cruel e arrastada tirania
Dos grilhões de tão espantosa magia.
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E nas ruínas do velhinho castelo
Guarda a moura o tesouro lauto e luzente
Com que há-de presentear o valente
Que chegado o mês de Março se apresente
E se aventure em perigoso duelo
Contra a enorme e reptílica criatura
Que em fúria se há-de lançar da sua lura
Ao ouvir soar a meia-noite em ponto
Para o final e decisivo confronto.
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P’ra trespassar a pele da fera bravia
Armas de fogo não terão serventia
E só a nobreza maior do frio metal,
De lâmina fulgente de espada ou punhal,
Livrará a moura da sua agonia.
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Mas mais tem pesado o medo que a bravura
E continua por vir o cavaleiro
Que tentado por tesouro ou formosura
Venha pôr fim ao já longo cativeiro
Da moura que vai sonhando o dia inteiro
Com quem a furte à sua triste clausura.

sábado, 26 de dezembro de 2009

A LENDA DE FLOR DA ROSA

Há tempos lembrei-me de criar uns poemas inspirados em lendas tradicionais portuguesas. No entanto, por falta de tempo e/ou inspiração, até agora, só nasceram dois. E desses dois, só o segundo (A Lenda de Flor da Rosa) me pareceu suficientemente satisfatório para colocar aqui.
No entanto, se quiserem ler também o primeiro, bem como uma explicação mais pormenorizada sobre a ideia do projecto dos poemas inspirados em lendas, e ainda algumas criações em prosa, podem fazê-lo no meu blog mais antigo:
http://ocaldeiraodeceridwen.spaces.live.com/

Entretanto, aqui fica o poema A Lenda de Flor da Rosa:


Vivia na terra um cavaleiro
Amigo de todos estimado
Em seu corcel voava ligeiro
A galope pela erva do prado

Um dia sucumbiu à tontura
Despontava no céu a alvorada
Doente, sem esperança de cura,
Escorregou da garupa dourada

Conhecidos, amigos, parentes,
Visitaram-no em seu castelo
Levaram-lhe carinho e presentes
Ao quarto modesto e singelo

Levaram-lhe também uma flor
A prenda para si mais formosa
Ofertou-lha o seu meigo amor
A noiva, de seu nome Rosa

Mas a morte levou a donzela
E curou-se o mancebo afinal
Foi velar o seu corpo à capela
Em seu peito cravado um punhal

De joelhos caiu a seu lado
Chorou lágrimas sobre o seu rosto
Abraçou o seu corpo gelado
E logo ali morreu de desgosto

Pediu num derradeiro estertor
Extinguia-se a voz estrondosa
Que à terra o acompanhasse a flor
E ao sítio chamassem Flor da Rosa