quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A CASA ABANDONADA Capítulo III (PROVISÓRIO)

III
Ema recusou-se a abdicar do prazer de ser ela própria a transformar a casa. Aproveitando o facto de estar de férias, compraram o material necessário e puseram mãos à obra. Ema era a mais dedicada; afinal, era o seu sonho, mas Daniel ajudava no que podia, embora as suas férias já tivessem terminado.
Decidiram conservar a estante da biblioteca e a mesa da casa de jantar. Mas desfizeram-se da cama e da cómoda, pois queriam dar um toque mais pessoal aos quartos. Ema escreveu aos antigos donos a perguntar se desejavam que lhes devolvessem os livros, pois era possível que não se tivessem lembrado deles ao decidirem vender a casa com tudo o que tinha dentro. Para seu encanto, a resposta dizia que tinham muito gosto em que o jovem casal ficasse com os livros.
Após uma limpeza geral que levou quase duas semanas, pintaram o interior e o exterior em tons pastel. Ficaram então à espera das mobílias que tinham escolhido, que chegaram pouco depois. O que demorou mais foi a reparação das canalizações, mas também isso acabou por ficar resolvido. Mal a casa ficou habitável, Ema e Daniel mudaram-se para lá. Daniel dedicou-se então a arranjar o jardim. Não retirou nenhuma árvore ou planta, limitando-se a apará-las e a dar-lhes um aspecto menos inóspito. À vegetação natural da zona, que parecia crescer sem qualquer intervenção humana, juntou algumas flores coloridas para equilibrar a paisagem, dando-lhe um aspecto menos lúgubre.
Quando tudo ficou pronto, deram um jantar de inauguração para o qual convidaram as famílias e os amigos mais próximos. Foram felicitados pela excelente aquisição e, principalmente, pelo trabalho de remodelação que tinham feito. Ao fim da noite, quando os últimos convidados saíram, Daniel sentou-se no sofá e Ema deixou-se cair preguiçosamente sobre o seu colo com um sorriso de satisfação e orgulho. Daniel beijou-a e disse-lhe:
– Parabéns. Conseguiste dar vida a esta velha casa. Estou orgulhoso.

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