segunda-feira, 3 de outubro de 2011

STRESS E DEPRESSÃO: O SACO SEM FUNDO DA MEDICINA/STRESS AND DEPRESSION: MEDICINE'S BOTTOMLESS BAG

Há dias assisti, pela enésima vez, através da televisão, à notícia de que Portugal é o país europeu com maior taxa de depressão. E mais uma vez, não pude reprimir um amargo sorriso...
Não que a depressão seja motivo para sorrir, não. Conheço quem tenha passado por isso e, quando de facto existe, é devastadora. Que fique claro, antes de prosseguir com este meu artigo, que compreendo isso perfeitamente.
Mas quer-me a mim parecer que a verdadeira razão para tão dramáticas taxas é outra...
Todos os dias, pessoas que vão ao médico queixar-se de alguma física maleita, depois dos dois ou três exames da ordem para que o médico possa alegar que fez o que lhe competia, não se encontrando imediatamente uma causa evidente, o que o bom do doutor faz é enfiar as queixas do doente em dois convenientes sacos sem fundo onde cabe tudo aquilo que a medicina não sabe explicar. Um desses sacos chama-se stress e o seu irmão dá pelo nome de depressão. E assim, para que o orgulho do médico português não seja ferido ao admitir este, com a humildade que melhor lhe ficaria, que não sabe qual é o problema, diagnostica o doente como deprimido - stressado, na melhor das hipóteses - encharca-o em ansiolíticos e antidepressivos que não só não o fazem melhorar como não o impedem de piorar por não ser esse o problema, e contribui para a taxa, a meu ver enganadoramente crescente, da depressão em Portugal.

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A few days ago, for the umpteenth time, I watched in the news that Portugal is the European country with the highest rate of depression. And once again, I could not help but bitterly smile...
Not that depression is reason for smiling, no. I know people who have been through that and when it is really there, it is devastating. Let it be clear that I understand that before I proceed with this article. But it seems to me that the real reason for such dramatic rates is of a different nature...
Every day, people who complain to a doctor of some physical ailment, after a couple of customary tests so that the physician can claim that they did their duty, the cause not being immediately obvious, what the good doctor does is stuffing the patient's complaints into two convenient bottomless bags where you can fit everything medicine can't explain. One of those bags is called stress and its brother is depression. And so, in order that the Portuguese doctor's pride is not wounded by admitting, with the humility that would best become them, that they don't know what the problem is, they diagnose the patient as depressed - stressed, at best - drowns them in anxiety agents and antidepressants which not only don't make them better but also don't stop them from getting worse because that wasn't the problem to begin with and contributes to the rate, in my view deceivingly growing, of depression in Portugal.

2 comentários:

  1. Na verdade hoje, quando o médico não encontra nada nos exames de diagnóstico, é stress, o que vai dar à depressão e quando chegam aí lá vai a batelada de comprimidos.Ora geralmente a causa é profunda,de emoções, biológica, energética e até espiritual,e muitas vezes causam sintomas psicossomáticos que não se resolvem com pilulas que adormecem, e não levam a pessoa a enfrentar os fantasmas noseu interior...e aí passam os sintomas físicos. bj

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  2. Na verdade, não era bem aí que eu queria chegar. Era mais o oposto...
    Eu penso que nem tudo tem forçosamente causas profundas de origem psicológica, mentais ou quaisquer outras que não a física. Às vezes, se te dói um braço, tudo o que isso quer dizer é que te dói um braço. E simplesmente não sabemos a causa. Nem sempre tem a ver com os “fantasmas” que referes, que também dão muito jeito a psicólogos e psicoterapeutas para poderem dizer às pessoas que precisam de as ver uma a duas vezes por semana cobrando 40, 60 ou mais euros por sessão durante longos períodos, pois também já todos ouvimos dizer que só a muito longo prazo os tratamentos de psicologia surtem efeito. Eu costumo dizer que isso acontece porque, na verdade, o que faz a pessoa melhorar não é o tratamento, é o tempo...

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