Se não tivesse sido ela, talvez eu nunca me tivesse reencontrado. Foi ela quem me ensinou a aceitar as mortes de Diogo e Maria da Luz. A sua perda ainda me causa grande sofrimento, mas agora sei que eles lutaram por aquilo em que acreditavam, e que mesmo que não tivéssemos vencido a guerra, tudo teria valido a pena porque lutámos do lado certo.
No preciso momento em que escrevo estas linhas, sentado num pequeno sofá na modesta sala da minha casa, Eugénia encontra-se num sofá em frente ao meu, a bordar um monograma num dos meus lenços. No chão, Pedro Miguel, o filho com que há três anos Deus nos brindou, brinca com Cecília, que de vez em quando nos vem visitar. Demos-lhe o nome dos dois príncipes em conflito como forma de simbolizar o nosso desejo de que, no futuro, possa haver união e que os problemas se possam resolver sem guerras.
Embora não tenha voltado a estar ao serviço do meu pai, Cecília manteve-se a par da sua situação. Soubemos por ela que, depois de vender o Roseiral, a saúde do meu pai começou a definhar e ele acabou por morrer, não sem antes mandar chamar Cecília, a quem pediu que solicitasse para ele o meu perdão. Perdoo-lhe porque sei que Luz e Diogo, onde quer que estejam, não guardam, com certeza, rancor contra ele.
Quando olho para o meu filho, não posso deixar de pensar que se o filho de Maria da Luz e Diogo tivesse sobrevivido, ele e o pequeno Pedro Miguel seriam amigos tão inseparáveis como eu e Diogo.
Apesar de tudo, sou feliz. Tenho uma família dedicada e tenho esperança de que tudo o que eu fiz tenha contribuído para que o meu filho cresça num mundo mais justo. Espero ter a sabedoria para o ensinar a lutar sempre pelo que é certo, mas evitando, sempre que possível, conflitos sangrentos e mortíferos, como aqueles de que eu, Diogo e Maria da Luz fomos protagonistas.
FIM
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