sábado, 26 de dezembro de 2009

A LENDA DE FLOR DA ROSA

Há tempos lembrei-me de criar uns poemas inspirados em lendas tradicionais portuguesas. No entanto, por falta de tempo e/ou inspiração, até agora, só nasceram dois. E desses dois, só o segundo (A Lenda de Flor da Rosa) me pareceu suficientemente satisfatório para colocar aqui.
No entanto, se quiserem ler também o primeiro, bem como uma explicação mais pormenorizada sobre a ideia do projecto dos poemas inspirados em lendas, e ainda algumas criações em prosa, podem fazê-lo no meu blog mais antigo:
http://ocaldeiraodeceridwen.spaces.live.com/

Entretanto, aqui fica o poema A Lenda de Flor da Rosa:


Vivia na terra um cavaleiro
Amigo de todos estimado
Em seu corcel voava ligeiro
A galope pela erva do prado

Um dia sucumbiu à tontura
Despontava no céu a alvorada
Doente, sem esperança de cura,
Escorregou da garupa dourada

Conhecidos, amigos, parentes,
Visitaram-no em seu castelo
Levaram-lhe carinho e presentes
Ao quarto modesto e singelo

Levaram-lhe também uma flor
A prenda para si mais formosa
Ofertou-lha o seu meigo amor
A noiva, de seu nome Rosa

Mas a morte levou a donzela
E curou-se o mancebo afinal
Foi velar o seu corpo à capela
Em seu peito cravado um punhal

De joelhos caiu a seu lado
Chorou lágrimas sobre o seu rosto
Abraçou o seu corpo gelado
E logo ali morreu de desgosto

Pediu num derradeiro estertor
Extinguia-se a voz estrondosa
Que à terra o acompanhasse a flor
E ao sítio chamassem Flor da Rosa

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

NATAL


Este poema foi escrito há quase quinze anos, mais ou menos por altura desta quadra festiva, e felizmente, o meu estado de espírito é hoje bem mais risonho...

Flocos de alegria
Incendeiam os corações
Mas gelam-me a alma

A branca neve
tinge-se de vermelho.
São as feridas
Abertas no meu peito.

Cânticos rejubilantes
Ferem-me os ouvidos
Como violinos.

A dor rasga-se
Dentro de mim
E Rasga-me
E eu morro já sem dor,
Sem medo,
Sem arrependimento.